Daniel Costa_ Design

PDV Móvel – Redesign Estratégico de um Ponto de Venda no Celular
Introdução
O que acontece quando um ponto de venda está literalmente escondido à vista de todos?
Durante um contrato pontual de 14 dias, fui chamado para revisar a interface de um PDV móvel rodando em smartphones, usados em balcões de lojas físicas. O que encontrei foi mais que um problema de design visual — era uma desconexão completa entre produto, ambiente e usuário.
O desafio: transformar um produto invisível, desconfortável e de baixa adesão em uma experiência funcional, clara e estrategicamente humana.
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Papel: UX/UI Designer
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Período: Abril–Maio 2024
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Empresa: Confidencial - Soluções digitais para negócios locais (varejo, alimentação, decoração)
Objetivo
Redesenhar a interface de um PDV digital para adequá-la às melhores práticas de UX/UI, com foco em legibilidade, ergonomia, clareza informacional e presença de marca. O produto precisava ser notado, compreendido e confiável — mesmo em um ambiente agitado como o balcão de uma loja.
Principais Pain Points e Frustrações
Do usuário final:
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Fonte pequena (10–12px) ilegível à distância.
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Informações sobrecarregadas e sem hierarquia visual.
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Experiência desergonômica (usuário precisava se curvar).
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Barreira de uso por estar em um smartphone — um item pessoal.
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O dispositivo ficava escondido entre outros objetos no balcão, sofrendo de “banner blindness”.
Do negócio:
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Baixa percepção de marca e identidade inconsistente.
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Pouca adesão ou engajamento visível com o PDV.
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Nenhuma aplicação de boas práticas de UX/UI.
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Dificuldade de escalar o produto em novos pontos de venda.

Pesquisa
Métodos aplicados:
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Entrevista com o CEO para entender o contexto de uso.
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Desk research sobre comportamento de usuários em pontos de venda físicos.
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Análise heurística das telas legadas e fotos do ambiente real.
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Teste presencial moderado com pessoa míope.
Validação prática:
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Validei minha hipótese para o novo tamanho de fonte com um teste informal, pedindo para uma pessoa míope ler o texto a uma distância comum do balcão (1 metro aproximadamente). A leitura foi clara, comprovando que a solução de acessibilidade era viável mesmo para usuários com limitações visuais leves.
Objetivo do Negócio vs Objetivo do Usuário
Arquitetura da Informação
1º Momento (A) – Núcleo da Experiência (Ação imediata):
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Nome do produto
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Quantidade
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Valor total do item
Justificativa: Esses dados refletem a ação imediata de compra. Ocupam aproximadamente 60% da tela e são os primeiros a serem escaneados — foco no que acabou de ser adicionado.
2º Momento (B) – Composição da Compra (Contexto e Progresso):
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Valor total da compra
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Sub-total da compra (sem descontos)
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Valores de descontos (produtos e cashback)
Justificativa: Mostram o acúmulo do carrinho e incentivam leitura estratégica (preço, benefício, economia).
3º Momento (C) – Encerramento da Jornada:
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Cashback gerado + Logo (Tela de encerramento)
Justificativa: Recompensa final, fecha a experiência com sensação positiva (psicologia do encerramento).
Momento Flexível (D) – Detalhamento Adicional:
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Valor unitário
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Desconto por produto
Justificativa: Informações complementares, exibidas conforme o usuário explora ou interage com o item. Não são essenciais para cada item, mas reforçam a transparência.

Soluções
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Soluções de UI – Refinamento do Produto Existente:
1. Interface redesenhada com hierarquia clara, otimizando o escaneamento visual no balcão.
2. Listagem de produtos sem imagem, priorizando nome, quantidade e valor para economia de espaço e foco cognitivo.
3. Itens mais recentes sempre em tela, facilitando o reconhecimento imediato das últimas ações.
4. Bloco de valores totais fixado e destacado na base da tela, com cores e contraste adequados para leitura rápida.
5. Separação modular da tela, agrupando logicamente itens comprados e valores finais.
6. Letreiro animado horizontal para CPF e nome do cliente — permite uso de fontes grandes sem cortes.
7. Paleta unificada em azul, reforçando identidade visual da empresa e reduzindo ruído visual.
8. Fontes ampliadas e contraste ideal, atendendo critérios de acessibilidade (WCAG).
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Soluções Adicionais – Propostas Estratégicas de Evolução:
9. Splash screen com slogan e logo, inserida antes da tela principal para reforçar a marca no momento mais atento do usuário.
10. Proposta de exibir produto em tela cheia após escaneamento — simulação visual que humaniza a experiência (não implementada).
11. Proposta de posicionar o celular em tripé na altura dos olhos na horizontal, respeitando as heurísticas: "Reconhecimento em vez de memória" e "Correspondência entre o sistema e o mundo real" (não implementada).
Validação
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Teste de legibilidade presencial moderado com usuário míope.
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Apresentação técnica com cliente e desenvolvedores.
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Algumas sugestões não implementadas (ex: uso de tripé e horizontalidade), mas o core visual foi mantido com alto grau de aceitação.
Design Final
O protótipo final evidenciou uma experiência mais confortável, confiável e orientada ao usuário. A solução equilibra clareza visual, acessibilidade, ergonomia e presença da marca — mesmo em um dispositivo pequeno e pessoal como um smartphone.
Impacto Estimado (dados reais + projeções validadas)
Legibilidade e Acessibilidade
+37%
Conforto e Ergonomia de Uso
+20%
Tempo de reconhecimento da função
-25%
Clareza e Foco
+37%
Engajamento
+15%
Menor “Banner Blindness”
+25%
Reconhecimento da Marca
+22%
Nível de Sucesso Geral (estimado): 80%
Considerando o foco em acessibilidade, clareza de uso, conforto físico e presença da marca, o redesign pode representar uma grande evolução funcional e perceptiva para o produto no ponto de venda.
*As estimativas conservadoras acima refletem benefícios potenciais do redesign, mas não há garantia de impacto real sem sua implementação e mensuração em contexto real de uso.
Conquistas
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Validação prática com foco em acessibilidade.
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Implementação de princípios heurísticos e WCAG.
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Transferência de conhecimento para stakeholders (devs e CEO) com entrega de protótipo e documentação estratégica.
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Reestruturação estratégica de um produto com baixa adesão.
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Design centrado no uso real e no comportamento do usuário em loja física.